E se quando acordássemos tudo estivesse ao contrário? E se os fundamentalistas religiosos dissessem que o natural é o homem casar com o homem e mulher casar com mulher. Que quem tem relacionamentos heterossexuais deve ser punido, não só com a violência, mas com o olhar que vigia e rejeita, o mesmo olhar que acolhe e dá redenção a todos os homossexuais. Um casal heterossexual que caminha na rua é violentado por neonazistas que segundo eles, afrontam todo tipo de raça pura que pode existir. Difícil, né?
Difícil mesmo é ser usado como xingamento todos os dias.
- Sua bicha, viado!
- Aquela ali parece uma lésbica, né? Que ridícula.
- O que, tá me estranhando? Não sou biba não, sou macho.
Não entendo a facilidade absurda de xingar o outro pelo motivo extraordinário de ser homossexual. Ok. Então, já que você não gosta de maçã e eu sim, vou odiar você pelo resto da vida. E o discurso clássico, que ouvimos todos os dias é:
- Eu não sou preconceituosa, de verdade. Meu primo é gay. Mas, é que...
Preconceito, pra mim, é ignorância pura. E se você é daqueles que não se dizem preconceituosos, mas não deixam a sexualidade do outro em paz, tenho uma novidade: isso é preconceito.
No dia do Orgulho LGBT, gostaria que as pessoas começassem a se colocar no lugar do outro, do tipo: e se fosse eu? Como eu me sentiria? Como deve ser horrível ser julgado pela minha sexualidade sem ao menos me conhecer. E se fosse ao contrário? E se as pessoas falassem que a minha sexualidade fosse uma doença que pode ser passada para crianças na escola, isso não faz de mim um monstro? Imagine ouvir todos os dias que o amor, desejo ou qualquer coisa que você sente por outra pessoa é errado e ainda é motivo de piada para todos os programas humorísticos do mundo. Afinal, a única forma de ser aceito aceito pelos heteros é ser muito bem humorado, como um palhaço, um bobo da corte.
Não consegue fazer tudo isso? Tudo bem, então, simplesmente não ligue para o fato de alguém ter uma sexualidade diferente da sua. Sério, não ligue de verdade. Conheça a pessoa além da sexualidade, fale com ela. Talvez ela seja uma pessoa maravilhosa ou não. Não importa. O que importa mesmo é conversar com ela e não com sua sexualidade.
Acredite, as pessoas são mais do que uma orientação sexual.